Vendas no comércio caem em março e têm pior resultado para o mês em 14 anos
O comércio varejista brasileiro recuou pelo segundo mês consecutivo, com queda de 1,9% em março em comparação com fevereiro, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (11). Foi pior resultado para o mês em 14 anos, desde março de 2003, quando a queda foi de 2,5%.
Nos primeiros três meses de 2017, o comércio acumula queda de 3%. Nos últimos 12 meses a queda foi de 5,3%. Em relação a março de 2016, o varejo nacional recuou 4%, em termos de volume de vendas, 24ª taxa negativa consecutiva nessa comparação.
Já a receita nominal de vendas apresentou, em março de 2017, queda de 2% em comparação ao mesmo período de 2016, alta de 0,5% no acumulado no ano e alta de 3,5% nos últimos 12 meses. Juliana Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, destaca que o desemprego influenciou o resultado ruim. "A desocupação é a maior desde 2012, como mostram os dados da Pnad. A renda diminuiu".
"Outro fator que contribuiu foi a Páscoa, que gera mais vendas ao comércio na comparação com o ano passado. Em 2016, a Páscoa foi em março. Este ano foi em abril", contou Juliana. De acordo com Roberto Olinto, diretor do IBGE, os números de janeiro foram uma exceção em relação à conjuntura econômica por causa do 13º salário e outros benefícios, já que em dezembro os consumidores seguraram os gastos. "Janeiro foi um suspiro na crise em comparação aos números dos dois meses seguintes", destacou.
"Injetando o valor disponibilizado pelo FGTS na economia e com a expectativa de que cerca de 30% desse valor seja destinado ao consumo, vamos observar se melhoras vão surgir", destacou Olinto.
Atividades Quatro atividades registraram taxas negativas: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, registraram -0,5%, tecidos, vestuário e calçados com -1% e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo com -6,2%.
"Alguns estudos apontam que ocorreu uma queda menor no setor de tecidos, vestuário e calçados. Coincidiu com a liberação do FGTS, que pode ter ajudado, alem de promoções no comércio", destacou Juliana.
Já para o setor de hiper e supermercados, Juliana afirma que ele é muito sensível a renda. "Os consumidores trocam os produtos mais caros por marcas menos conhecidas", explicou. Por outro lado, móveis e eletrodomésticos (6,1%) livros, jornais, revistas e papelarias (5,6%), combustíveis e lubrificantes (1,1%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,9%) tiveram resultados positivos.
A alta de 5,6% na venda de livros, jornais, revistas e papelarias aconteceu por causa da volta às aulas, mas apesar do resultado, o setor regitrou queda de -13,2% nos últimos 12 meses. Regiões
As vendas no varejo recuaram em 16 das 27 unidades da federação, com as maiores variações negativas observadas em Goiás (-13,3%), São Paulo (-5,9%), Acre (-2,5%) e Mato Grosso do Sul (-2,4%).
Na comparação com março de 2016, 17 das 27 unidades da federação apresentaram resultado negativo no volume de vendas, com destaque para Goiás (-17%), Distrito Federal (-10,3%), Roraima (-9,5%), São Paulo e Espírito Santo, ambas com -8,9%.
Por outro lado, dez estados registraram resultados positivos: Santa Catarina (15,2%), Alagoas (5,8%), Tocantins (5,6%), e Paraná (3,5%).
Varejo ampliado O comércio varejista ampliado, que inclui o varejo e mais as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, voltou a registrar variação negativa para o volume de vendas sobre o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal (-2%), após quatro meses seguidos de resultados positivos.
Em comparação com março de 2016, o comércio varejista ampliado apresentou recuo de 2,7% para o volume de vendas (34ª taxa negativa consecutiva) e de -1,2% para receita nominal. Nas taxas acumuladas, os resultados foram -2,5% no ano e -7,1% nos últimos 12 meses para o volume de vendas, enquanto para receita nominal as taxas ficaram em -0,1% e -0,5%, respectivamente.
(IBGE)